Eu adoro museu. Frequento sempre que tenho oportunidade. E divido os museus do mundo, de forma grotesca e sem qualquer pretenção, em dois grupos: aqueles cujo acervo é a grande estrela e aqueles em que o prédio ou a maneira que as obras são expostas são o foco.

No primeiro grupo, coloco os grandiosos British Museum, Louvre, Metropolitan, Prado, Art Institute de Chicago, Uffizi, Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, as National Galleries de Londres e Edinburgo, Museu Miró de Barcelona, Rijsmuseum, Museu Van Gogh de Amsterdam, entre tantos outros. Não que esses prédios não sejam lindos por si só, mas a grande estrela é sim o acervo.

No segundo grupo, coloco os incríveis Guggenheim de NY, Pinacoteca de SP, Museu do Futebol, Centre Pompidou, Museu da Língua Portuguesa, Museu do Barcelona, entre outros. Repito: não que o acervo ou as exposições não sejam incríveis, normalmente são. Mas os prédios e a maneira como você interage com as obras chamam muito a atenção.

Meu preferido no mundo sempre foi o Museé d’Orsay, em Paris, que conseguia unir as duas coisas de forma sublime. A nata da obra impressionista é exposta numa restaurada e impressionante estação de trem.

Pois agora eu conheci Inhotim. Praticamente um parque do mais alto nível. Sozinho, ele já é digno de visitação, com seus lagos coloridos e vegetação variada e cuidada com carinho. Os prédios das galerias são outra atração: todos com arquiteturas particulares e impressionantes. Um deles, lembra um navio que navega por entre árvores. E, como cereja do bolo, há as obras.

Não quero ficar aqui descrevendo-as, até porque, não pretendo estragar a visitação de ninguém. Mas preciso deixar claro para todo mundo que Inhotim é imperdível e deve ser motivo de muito orgulho para todos os brasileiros.

Acabei de voltar de lá e estou morrendo de vontade de retornar. Quero rever muita coisa. Gastar mais tempo com aquelas obras que me fizeram chorar. Com aquelas obras que me hipnotizaram.

Anote aí na sua agenda. No próximo feriado, dê um pulo em Inhotim.

Atendendo aos pedidos da Amanda Teixeira, vamos às dicas:

– Reserve dois dias. Um é pouco para aproveitar todas as obras.

– Não seja muquirana e pague os veículos de transporte interno – nas duas datas ! -porque vale a pena. Sem veículo você vai demorar muito indo de uma galeria a outra, além de se cansar, principalmente se estiver sol e calor. Isso pode atrapalhar e muito seu passeio.

– Leve roupa de banho numa mochila. E eu estou falando MUITO sério. Você vai aproveitar muito mais as obras caso siga esta minha dica.

– Vá com um tênis confortável. Você vai andar muito.

– Não vá com meia furada. Você vai precisar tirar o tênis em algumas galerias.

– Só leve guarda-chuva caso não queira se molhar do estacionamento até a entrada. Lá dentro, há guarda-chuvas em todas as galerias.

– Almoce nos restaurantes Tamboril e Oiticica.

– Coma um salgado em alguma das incríveis lanchonetes do lugar. Não pelo sabor, mas pelo prazer de se sentar por ali.

– Tome um vinho no Bar ou em algum dos restaurantes.

– Aprecie a vegetação com atenção, principalmente lá perto das estufas. Você vai poder comer algumas plantas e cheiras outras. Vale a pena.

– Tire fotos.

– Se for ficar em pousada, fique atento à distância para Inhotim. 30km podem se tornar 40 ou 50 minutos numa estrada de terra.

– Saia para jantar, mas sem expectativas. Os restaurantes indicados pelo site de Inhotim não são nada demais.

– Em Brumadinho, caso tenha tempo em algum dia livre e queira comer uma boa comida mineira, experimente o Ao Pé do Jatobá. Típico, simples e frequentado pelos moradores da região.

Mas, principalmente, se entregue às galerias. Algumas mexeram muito comigo, outras quase nada. A percepção da arte é muito pessoal, depende de nossos repertórios, experiências, conhecimentos, sensibilidades e disposição.

Mas vá para Inhotim. Não tem como se arrepender.