Cresci com amigos santistas.
Praianos, de bermudas, chinelos, regatas e informalidades.
Com um ódio aos paulistanos e a quem abandonava as terras da Baixada.
E um pensamento inocentemente provinciano.
A quem devo muito do que sou hoje.
Cresci com meus amigos do interior.
De uma Jundiaí fria e ensolarada.
Vazia e silenciosa.
De um povo simpático, acolhedor e de sotaque carregado.
Mas um povo feliz.
Convivi com amigos colombianos.
De cultura diferente, língua diferente, referências diferentes.
Mas apaixonantes, festeiros e abertos a qualquer um.
Especialmente, aos brasileiros.
Me cerquei de paulistanos.
Fechados, sérios, independentes e exigentes.
Pouco atenciosos e, menos ainda, cuidadosos.
Metidos, sim. Esnobes, com certeza.
Mas grandes amigos.
Alguns, dos melhores da vida.
Recebi amigos cariocas.
Informais, desbocados, superiores e incrivelmente divertidos.
Malandros, espertos e rápidos no gatilho.
De um humor incomparável.
E uma vida de invejar.
Fui acolhido por um grupo gaúcho.
De piadas discutíveis, certa grosseria e superioridade.
Mas sempre leais, animados e divertidos.
Aparentemente chatos, mas, no convívio, exatamente o oposto.
Agora, o mundo mineiro me abraça.
Com carinho, uma aparente inocência e muito amor.
Abraços, convites e planos.
Solidários não só no câncer.