A nova cena musical brasileira vai de vento em popa. Basta dar uma espiada nos shows dos novos nomes Silva (já fui a dois), Clarice Falcão (fui a um) e Tiago Iorc, que assisti no último sábado. Casa lotada, canções na ponta da língua do público e filas intermináveis para visitar o camarim. Destes três bons nomes, pra mim Silva é o de maior qualidade musical. Excelente compositor (ele não é letrista), com arranjos modernos e voz suave, acho o mais britânico dos músicos brasileiros – seja lá o que você entenda desta frase.

Tiago Iorc era o que eu tinha menos intimidade. Conhecido por cantar na maioria das vezes em inglês e por ter canções na Malhação e novelas da Globo, o cara não merece o preconceito que estas informações possam gerar. Ele é bom, muito bom. Músico sensível, dedicado e perfeccionista, esbanja simpatia no palco e é daquelas personalidades ímãs das quais o seu olhar não consegue fugir.

Sábado passado estive no Teatro GEO e acompanhei a histeria, mas também toda a sensibilidade de seu show. Saí bêbado de encanto, como poucas vezes aconteceram em minha vida. O show é realmente imperdível. Depois dele, eu só queria ir pra casa e dormir. Porque nada do meu dia seria capaz de superar tamanha sensação boa.

Novo, ele não vira a cara para o passado. Mas não lá atrás na Bossa Nova ou a MPB de protesto. Estamos falando de tempos mais recentes. Ele faz covers do Legião – querendo ou não, Renato Russo é dos maiores compositores brasileiros das últimas décadas – e até do Coldplay – espume agora, preconceituoso, e deixe de ver a qualidade das músicas de Chris Martin.

Muito se fala sobre crise da MPB, reclama-se que alguns nomes atuais tentam apenas repetir Chicos e Caetanos, mas estão deixando de olhar para gente como Silva e Tiago Iorc. Eles estão aí fazendo um som autoral e particular e, dessa forma, mandando muito bem.

Só tenho a agradecer a Cá Marinho que me apresentou Tiago há alguns meses.