Noah Baumbach fez um dos grandes filmes independentes dos últimos 15 anos, o sensível, simples e autêntico “A Lula e a Baleia”. Agora, nos brinda com uma obra aparentemente ainda mais despretenciosa, suave e leve, o excelente “Frances Ha”. Mas não se engane com a piada que a própria protagonista faz sobre a história. Não se trata de uma sitcom pós-adolescente. Como a fotografia em PB destaca, estamos diante de algo mais profundo do que a aparente leveza da história.

A protagonista do longa é uma atrapalhada bailarina de 27 anos que deve lidar com sonhos não realizados, amizades desfeitas, problemas financeiros, envelhecimento, namoros que terminam, tudo regado a um medo enorme de crescer e amadurecer. Frances hesita em deixar a faculdade, deixa o fim de namoro nas mãos do homem, não aceita quando a melhor amiga segue seu próprio caminho e não enxerga que seu sonho de ser uma grande bailarina poderá não ser realizado.

Interpretada por uma carismática e linda Greta Gerwig – co-roteirista ao lado de Noah – Frances é você, sou eu e somos nós. É a garota pós anos 80 que nasceu nessa sociedade apressada e competitiva. Nessa cidade grande cheia de gente vazia e programas culturais e de lazer. Nesse mundo de TVs de 60 polegadas, mas em que optamos ver filmes na tela do computador. Nessa sociedade que nos dá acesso a tudo, mas ao mesmo tempo a nada.

Frances desfila por este mundo presa na juventude. Pula de república em república, foge de empregos caretas, gasta o dinheiro que ganha de forma impulsiva – e também a grana que ela nem tem – mas segue feliz e sorridente. As porradas da vida vão chegando aos poucos, aparentemente sutis. Mas o nocaute sempre acontece.

Não duvide, estamos diante de um dos grandes filmes do ano. Ainda em cartaz, não perca.