(Não é meu. É do blog Inquieta e Duvidosa, de uma amiga minha. Mas penso assim também.)
Isso de querer ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além.
Ontem voltamos pra casa falando sobre o quanto as pessoas estão despreparadas pra lidar com a verdade. Sobre o quanto as pessoas se condicionam a viver de acordo com as regras inventadas por outras pessoas, de acordo com o padrão definido como certo e aceitável, ainda que ele não funcione, não caiba ou não faça sentido pra vida delas. Sobre o quanto não existe respeito pelo olhar que ultrapassa e desafia o estabelecido.
Fiquei pensando sobre como as pessoas vivem mentiras que elas contam pra si mesmas e pra quem está ao redor porque é mais fácil, porque exige esforço e coragem assumir as próprias verdades, porque exige compreensão e generosidade lidar com as verdades dos outros, porque é extremamente desagradável sair das zonas de conforto que promovem essa falsa sensação de normalidade e pertencimento, porque custa caro (em tantos sentidos) bancar as próprias escolhas.
O fato é que a gente não é só luz, tem muita escuridão dentro da gente. E os caminhos das descobertas e do crescimento são quase sempre difíceis, afinal “não se é grande sem crescer”. E as vezes são obscuros, sujos e cheios de decisões das quais a gente não se orgulha. E quando falo a gente estou falando de todo mundo. O que pouca gente faz é descer as escadas do porão, acender a luz, abrir as caixas e encarar o que está lá dentro. Ou segurar a mão de quem está fazendo esse processo. E abraçar essa pessoa por inteiro, sem julgar, condenar, abandonar diante de uma descoberta difícil de digerir.
Pensar e falar nisso tudo reforça o meu desejo de uma vida construída com verdades: as difíceis, as bonitas, as que a gente não tem coragem de admitir, as que a gente tem prazer de contar, as que a gente sente medo de descobrir, todas elas.