Publicitário – do latim publicitarius de propagandus. Normalmente visto de preto ou jeans e camisetas coloridas. Óculos diferenciados e braceletes são comuns. Tatuagem é um ítem quase obrigatório no publicitarius criativus. Publicitarius atentimentus costuma ser visto de social, muitas vezes terno.
– Oi, Daguito, tá no escritório?
– Não, tô na agência.
Publicitários trabalham em agências de publicidade. Assim como mecânicos não trabalham em escritórios, mas em oficinas. Médicos, em consultórios ou hospitais. Professores, em escolas ou faculdades. E assim por diante. Do mesmo modo que eu trabalho ao lado do meu dupla e não do meu par, como insiste meu pai.
Como sou redator, meu dupla é sempre um diretor de arte. Ele tem “diretor” no cargo porque dirige a arte, mas fica na mesma hierarquia que eu. Ele não me dirige, nem dirige meu texto. Meu chefe, que não é um patrão, é o Diretor de Criação. Este sim dirige a criação de forma geral, aprovando e reprovando as ideias que tenho com meu dupla depois que recebemos os jobs – e não os projetos.
Os jobs me são passados através de briefs de criação, nunca por relatórios. Depois de ter as ideias aprovadas pelo Diretor de Criação, passo para a redação dos textos e títulos, nunca dos dizeres. Ou então de roteiros de filmes e não de reclames. Pode ser também que sejam spots de rádio, mas nunca comerciais de rádio. Tudo isso eu escrevo na minha máquina, não no meu PC. Até porque, criativos usam Mac, não Windows.
Verifico minha agenda, não meu schedule. Como sou de criação, faço reuniões de produção e deixo os follow ups com cliente para o atendimento fazer. Assim como eles fazem rehersals, check points, backstages e outros encontros mais.
Quando o atendimento transforma minha vida num inferno, pego minha pasta, às vezes meu portifólio, e marco de falar com criativos de outras agências, mas não necessariamente entrevistas. São bate-papos informais mesmo. Não levo currículo porque não tenho e, mesmo que tivesse, ele pouco interessaria ao criativo com quem marquei.
Os prêmios dos publicitários não são bônus em dinheiro e não vêm no final do ano. São estátuas que às vezes os publicitários nem vêem ao vivo e, quando vêem, ficam perdidas nas estantes da agência. São sempre ou de ouro, ou de prata, ou de bronze. Nunca de vidro, mármore, pedra sabão ou quartzo. Após os prêmios, normalmente os publicitários recebem telefonemas. Que podem ou não ser engano.
Todo publicitário conhece muita gente do mercado de publicidade, mas não necessariamente ao vivo. Às vezes é só pelo nome. “Conheço você de ver no Clube”, é comum se ouvir quando dois conhecidos virtuais são apresentados ao vivo. Primeiro, ele não está se referindo a ver realmente no Clube. Mas de ver o trabalho dele no site do Clube. Segundo, eles não estão falando de um Clube com piscina, quadras esportivas e bailes de Carnaval. Mas de um Clube que, até tem uma pequena sede, mas está muito mais ligado ao trabalho do que ao prazer. É o Clube de Criação de São Paulo.
Quando um publicitário encontra outro que já conhecia ao vivo sempre pergunta como está lá. Entenda “lá” como a agência em que o publicitário está trabalhando atualmente. Como todo mundo muda de emprego toda hora fica chato errar o nome da agência que a pessoa está. Então, você generaliza: como está lá? A resposta é sempre a mesma: “ah, tá foda”. Entenda “foda” como sair tarde e ter muitos jobs todo dia. Cancelar jantares com a namorada e bares com os amigos. Sábados de sol gastos dentro da agência, que às vezes não tem o ar condicionado ligado por ser fim de semana.
Esta é mais ou menos a vida de um publicitário em palavras ou nomenclaturas.
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