Tanto pro bom, quanto pro mau, “Álbum de Família” me deixou com um gostinho de déja vu. Já vi tantos filmes sobre reuniões familiares que geram lavagem de roupa suja, que esta peça premiadíssima pouco me surpreendeu agora que chegou ao cinema.

Feriados em Família“, de Jodie Foster, “O Casamento de Rachel“, de Jonnathan Demme, “Festa de Família“, de Thomas Vinterberg, “Laços de Ternura“, de James L. Brooks, entre tantos outros filmes, já percorreram o tema nas últimas décadas.

É verdade que Meryl Streep brilha como sempre na tela, mas no geral os personagens do filme são um tanto quanto desumanizados. A maioria me parece bem inteligente a ponto de ter plena consciência de seus erros e absurdos. O que gera uma inconsistência, nos fazendo perguntar por quê diabos eles agem daquele jeito se são tão espertos.

Claro que o texto tenta encontrar explicações, mas nenhuma me pareceu convincente. Parecia que eu estava vendo uma história em que cada personagem tinha um papel pré-estabelecido sabe-se lá por quê e não podia evoluir ou assumir novas opiniões e ideais. Isso desumanizou cada um deles e, por isso, pouco me emocionou.

Por mais que o pano de fundo da exploração do Oeste americano, dos fortes desbravadores e da luta pela sobrevivência tenha um lado profundo na peça, aqui tudo me pareceu meio à toa, jogado numa tentativa frágil de emocionar e fazer algum sentido.Tudo que o clima de Osage County e dos diálogos têm de quente, os personagens têm de frio. Por mais que gritem, quebrem pratos e chorem, se mantém frios diante de tanto absurdo. A própria reação à morte do personagem de Sam Shepard é de uma frieza inconsistente.

Por mais que grande parte da crítica babe pelo filme, talvez por medo de criticar uma obra baseada numa peça premiada, o Oscar esnobou o longa-metragem, garantindo apenas duas indicações. Uma, óbvia, para Meryl Streep. Outra, discutível, para Julia Roberts. E, como sabemos, não levará nenhuma delas.