Demorei para escrever algo por aqui porque só consegui terminar a série agora em janeiro. Totalmente fora de timing, é verdade. Mas foi como as coisas aconteceram pra mim. Comecei a ver quando ela já tinha acabado em tempo real. Foi em meio à exaltação da genialidade e qualidade desse produto. O que, claro, provocou as mais altas expectativas em mim.

As três primeiras temporadas não são geniais. Alternam bons episódios com outros medianos. Pecam por criar momentos novelescos. Pelos personagens demorarem para tomar atitudes que você já sabe que eles vão tomar. O processo pouco nos interessa. Tudo isso atrapalha o ritmo da série. Um ícone dessa irregularidade, pra mim, é aquele episódio da mosca no laboratório, um dos piores que eu já vi na TV americana.

A partir da 4a temporada a série assume o que depois se torna sua principal característica: a ousadia. Sim, desde a primeira temporada temos pitadas de ousadia, com um personagem principal que pouco a pouco se torna um mentiroso compulsivo, um traficante e um assassino. Mas tudo se aprofunda a partir da quarta, numa coragem rara de se tocar em assuntos tabus.

Até do ponto de vista técnico há uma evolução absurda entre os primeiros e os últimos episódios. Reveja. Preste atenção ao mise-en-scène, na fotografia, na direção de arte, nos enquadramentos, na direção de atores. Na última temporada temos a mais alta qualidade da TV americana. Na primeira, mais do mesmo. A ponto de, em um episódio dirigido pelo próprio ator principal, a mão do cameraman e um pedaço da câmera aparecerem em cena, refletidos num espelho.

A metade final da quinta temporada é uma das melhores obras televisivas que já vi. Me lembra, pelo impacto dramático, as duas primeiras temporadas de Lost. Ou os melhores episódios de Arquivo X. Mas, desculpem-me, não tem o requinte artístico de um Game of Thrones. Nem traz engrenagens dramáticas elaboradas como Lost.

E, convenhamos, toda a ousadia que a série teve ao longo das temporadas se perdeu no final, na óbvia redenção pela morte. A solução foi a mais previsível possível e, ao mesmo tempo, a mais aceitável por parte do público. O homem de bem que se deixou corromper por estar à beira da morte só poderia ser perdoado pelo público caso realmente morresse de forma heróica, como aconteceu.

Eu nunca fui muito fã de séries. As de comédia, vi Seinfeld, Friends, Simpsons, Mad About You. As de drama, Felicity e Party of Five. As de ficção, Lost, Heroes e Arquivo X. Hoje, acompanho Game of Thrones, Walking Dead e Sherlock. Gostei de ver Breaking Bad, pirei, como disse, na última temporada. Mas ela, como um todo, não é perfeita. Não é essa genialidade toda. A metade final da 5a temporada, sim. As 5 temporadas juntas, não.