Lars Von Trier, o queridinho dos intelectualóides, já fez coisas muito boas (“Ondas do Destino”, “Dogville”, “Manderlay”), umas tantas médias (“Os Idiotas”, “Anticristo”, “Melancolia”) e outras ruins (“O Grande Chefe”, “Dançando no Escuro”). Quis, agora, chocar o mundo com seu “Ninfomaníaca”, dividido pelo estúdio em dois volumes.
Esperei ver a segunda parte para dar meu parecer sobre a obra. O que mais salta aos olhos é a frieza e impacto zero que os filmes têm. Muito se falou sobre tabus e preconceitos, mas pouco se vê na tela. Talvez eu tenha uma visão mais liberal da sociedade, não sei. Mas a mim a obra não choca. Depois de criar uma expectativa por algo forte e pesado, Trier nos entrega filmes pouco ousados e bem normais.
Há bons diálogos em ambos os filmes, mas no geral a obra carece de profundidade, culminando num desfecho fraco e até previsível. A história nada mais é do que alguém buscando um prazer que nunca é encontrado. Alguém enfrentando seus limites sem conquistar aquilo que persegue. Enquanto um segundo personagem tenta teorizar e intelectualizar todas aquelas atitudes impulsivas.
A abertura do Volume 1, com os closes dos objetos sentindo a chuva, é maravilhoso. Mas pouco se vê dessa genialidade inicial ao longo da obra. Talvez na sequência do pai moribundo se tenha algo de elevado nível artístico.
Uma Thurman – a mulher traída – vive o grande momento do Volume 1, enquanto Jean-Marc Barr – o pedófilo – faz o mesmo na segunda parte. Já Jamie Bell, Willem DaFoe, Shia Labeoeuf e até Charlotte Gainsbourg e Stellan Skarsgard pouco nos trazem de novo.
Gostei mais da segunda parte, achei mais coesa e gostosa de ver. Mas, no geral, os filmes me parecem insignificantes. Não os levarei comigo por muito tempo. Em breve, não serão nada em minha memória. Não que sejam ruins, são bem OK. Mas um cineasta com tanta mídia e capaz de nos entregar boas obras acabou prometendo muito mais do que conseguiu produzir. Decepcionante.
Nossa, você colocou em palavras absolutamente tudo o que eu acho sobre esses filmes também. É a primeira pessoa, aliás, que não tenta salvar o diretor arrumando pequenos elementos que são interessantes na narrativa. Enfim, assino embaixo.
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