Brian de Palma é da mesma geração de Martin Scorcese, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg e George Lucas, entre tantos outros que brilharam no cinema americano dos anos 70. Mas, ao contrário da maioria deles, vive num certo ostracismo.
É verdade que detém um currículo de clássicos, como Irmãs Diabólicas (73), Carrie (76), A Fúria (78), Vestida Para Matar (80), Um Tiro Na Noite (81), Scarface (83), Dublê de Corpo (84) e Os Intocáveis (87). Mas é dele também alguns fracassos como A Fogueira das Vaidades (90), Síndrome de Caim (92) e Missão Marte (00). Obteve sucesso de público num filme nada autoral, Missão Impossível (96), e reconhecimento da crítica em obras nada geniais, O Pagamento Final (93) e Dália Negra (06), além de ter tido um sopro de talento com Femme Fatale (02). Mas como explicar seu último filme, Paixão (12), que só consegui ver recentemente?
O filme é todo errado. Desde a fotografia exagerada que incomoda até quem não tem o menor conhecimento do assunto, até as atuações desastrosas de Noomi Rapace e Rachel McAdams. O tom está todo errado, em todas as escolhas do diretor: as citadas fotografia e atuações, a construção dos personagens, a cenografia, os enquadramentos e a fluidez da narrativa. É tudo tão fake quanto os comerciais que surgem na história.
Parte deste seu fracasso se reflete numa tentativa de tentar copiar truques que ele já havia usado em outras obras, como Um Tiro Na Noite, Dublê de Corpo, Vestida Para Matar e Femme Fatale. Nada em “Paixão” parece novidade. Chega a ser risível e ridículo em diversos momentos. Vergonhoso.
Essa trajetória decadente não é recente. Basta checar a filmografia citada acima. Não surpreende ele ter ficado 5 anos sem filmar, só conseguindo viabilizar esta produção na Europa (“Paixão”) e, desde então, estar há 3 anos sem conseguir engatar um novo longa-metragem. Quem diria que um dia a chancela “Brian de Palma” não nos diria nada.