Claro que fui um dos pré-adolescentes impactados pela virtuose mágica de “Jurassic Park” em 1993. Tanto que vi o filme 4 vezes no cinema, na época. Ele encantava pela perfeição em trazer de volta à vida os dinos que tanto brincaram e brincam com a imaginação das crianças. Mas também pela diversão que proporcionava: uma série de cenas com suspense e ação que faziam a gente se agarrar na cadeira – naqueles anos, ainda de madeira – e arrepiar os pêlos que ainda não haviam nascido.

“Jurassic World” chega em 2015 reverenciando aquele filme. Há citações em quase todas as cenas. Mas não se engane, mais que uma homenagem é um pedido de desculpas por repetir e recriar a obra de Spielberg.

Desta vez, porém, o parque – rebatizado de “Jurassic World” – está em pleno funcionamento já há alguns anos e recebe cerca de 20 mil turistas por dia. Ponto para o filme, sempre quisemos ver isso. Mas não do jeito que nos mostraram. O excesso de computação gráfica, que inundou o cinema a partir de “Jurassic Park”, irrita demais. É tudo computadorizado demais, o que tira o clima das cenas e o envolvimento do público com o filme.

O roteiro, que teve 4 pessoas envolvidas, inexiste. Cientistas que só pensam em dinheiro? Militares que vêem uma nova arma? Não, né. Chega disso. Parece roteiro de filme B dos anos 80. O início é uma correria em que mal dá tempo de apresentar os personagens. O que se quer é botar fogo no galinheiro para vermos os bichos fugindo e as penas voando. Mas quando isso acontece, nada de novo. Apenas repetições das cenas do filme original e de suas fracas sequências (o horrendo “Mundo Perdido” e o fraquinho, mas simpático, “Jurassic Park 3”). Dinossauros no retrovisor, T-Rex lutando contra outro dino, raptors cercando os adultos e crianças (de novo, 4 pessoas) no clímax etc. Está tudo lá, recriado. Mas 22 anos depois, o que se esperava era uma evolução e o que nos entregam é uma versão meia boca.

Spielberg foi um mestre em criar suspense a partir do mínimo, como em “Tubarão” e no próprio “Jurassic Park”. Neste “Jurassic World”, a equipe optou pela multiplicação dos peixes e tudo é grandioso e exagerado. Tem mais cara de “Godzilla” que de “Jurassic Park”, erro que já havia sido cometido em “O Mundo Perdido”.

Mas, o filme vem batendo recordes de bilheteria e lotando as salas de cinema. Assim como os horrorosos “Transformers” fizeram nos últimos anos. Talvez seja isso mesmo que o público de hoje queira ver. Talvez eu já esteja velho e saudosista e não entenda que o que o pessoal quer é isso que o “Jurassic World” entrega. Pouco enredo e uma metralhadora visual do mais do mesmo.