Você, que estava em pé se sacudindo todo na escadaria que dá acesso à pista do Audio Club, se esgoelando ao som de Iggy Pop, achando que aqueles degraus eram sua arquibancada particular e que fez cara de mal quando eu quis passar, fez biquinho, franziu a testa, você é um completo idiota.
Você que para o carro nessas avenidas grandes onde não se pode estacionar nem aos domingos, mas que fala que é rapidinho, liga o pisca alerta, coloca a mão pra fora pedindo pra ultrapassar, abre a porta, desembarca alguém, você é um completo idiota.
Tem você, comerciante, funcionário ou dono, que ao ouvir um “não” quando pergunta se tenho dois reais para o troco bufa, fecha a cara, murmura xingamentos, balança a cabeça negativamente, você também é um completo idiota.
Tem idiota por todos os lados. Muitos completos, alguns incompletos. Mas estão por aí. Nos cercando, nos atendendo, nos chefiando, nos acompanhando. Espalhando essa idiotice grossa e mal educada. Ou malandra.
– Senhor Carlos?
– Não, Daguito. Você ligou errado.
– Desculpa. Mas… você não está interessado em comprar um apartamento?
Idiota.
Outro dia li do idiota que prendeu a empregada porque ela comeu um bombom. Ou dos idiotas que xingaram uma vestibulanda porque ela era negra e obesa. Ou de um idiota que não liberou o funcionário para que ele visitasse o pai no hospital. Já vi idiota dando murro na cara de mulher pra roubar a bolsa. Idiota se fazendo de besta: “ah, não vi que essa fileira de pessoas, uma atrás da outra, exatamente na entrada, era uma fila”.
E tem o idiota que escreve texto sobre idiotas achando que está acima do bem e do mal e que nunca comete uma idiotice. Você também é um idiota.