2015 foi um ótimo ano. Especialmente do ponto de vista de shows que vi. Além de 3 apresentações do Deus Morrissey (uma delas na Opera House de Sydney), consegui finalmente realizar o sonho de ver o Deus Noel Gallagher na Inglaterra. E foi por muita sorte, porque o show dele no templo Royal Albert Hall estava esgotado. Dias antes da apresentação, pintou um post do artista no meu Face dizendo que estavam abertas as vendas de novos ingressos para um pequeno setor atrás do palco. Cliquei, cético e, quem diria, consegui comprar.
Pois, para minha surpresa, além do show dos High Flying Birds, banda de sua carreira solo (que eu já tinha visto ao vivo em São Paulo anos atrás), rolou também um show de abertura, dele mesmo, tocando só Oasis em versão acústica (veja abaixo o setlist). E com o guitarrista da 2a fase do Oasis, o Gem Archer. Ali, realizei o sonho de qualquer fã da banda de ouvir ao vivo dois hinos, Slide Away e Cast No Shadow (esta, talvez minha música favorita).
Noel é Rei na Inglaterra. A casa estava lotada de pessoas enlouquecidas que sabiam todas as músicas de cor – sim, inclusive as da carreira solo. Aliás, tinha gente que sentava e não cantava os covers do Oasis mas se esgoelava nas músicas novas do cantor. Grupos de amigos se abraçavam emocionados, pessoas ao meu lado choravam, vinham me abraçar sem ao menos me conhecer, sorriam e gritavam.
Noel estava particularmente simpático e falante, fazendo piadas sobre si mesmo e também com pessoas da platéia. Algo incomum nos 5 shows com ele que vi no Brasil (4 deles ainda na Era Oasis). Noel estava em casa, onde tem a idolatria merecida. No Brasil, a banda tem seus fãs, mas nunca seria capaz de lotar um estádio. Algo que se repete com outras grandes bandas de qualidade, que no exterior são gigantes e, no Brasil, desconhecidas. The National, por exemplo, enorme lá fora, é desconhecida nas terras tupiniquins. Na Europa e nos EUA, você ouve música de qualidade em lojas e restaurantes, enquanto no Brasil só há espaço para o pop. Nem rádio boa temos mais em SP, depois da morte da Oi FM. Até a noite indie paulistana, que foi forte, morreu.
Após a apresentação acústica, Noel deixou o palco ovacionado pelo público, para retornar em seguida ainda mais grandioso, acompanhado de sua banda completa e um coral que preenchia todo o fundo do palco. Meu Deus, que experiência! Um coral! Ouvir Champage Supernova, Fade Away, Talk Tonight, Half The World Away, The Masterplan e Don’t Look Back In Anger com aquele coral no fundo, ao lado de milhares de fãs que sentiam o mesmo que eu, que entendiam o que estava acontecendo ali…
Antes do Bis, todos bateram os pés no chão, como fazemos em arquibancadas de futebol, pedindo a volta do ídolo. O Royal Albert Hall tremeu. E o público gritava: Nol! Nol! Nol! Nol! Com sotaque britânico.
Arrepiante. Emocionante. Inesquecível. Milhares de pessoas em êxtase. Jovens adultos de cabelos grisalhos sem camisa, rodopiando a roupa nas mãos. Adolescentes que pegaram só a fase solo, gritando de olhos molhados. Mulheres rebolando e cantando com os braços erguidos. As músicas que sei de cor, todos ali também sabiam. As músicas que me emocionam, também emocionaram aquela multidão. Histórico.
É para viver momentos como este que estamos aqui. É para isso que trabalhamos e juntamos dinheiro. Para viver experiências únicas como esta. Não tenha dúvidas: nenhum carro, roupa ou casa na praia irá provocar tamanha satisfação. Uma memória que será sempre minha.
No final, debaixo da garoa fina londrina, a multidão protegida em seus casacos de couro preto, caminhava em êxtase para o metrô. Alguns comentavam como as músicas novas funcionavam. Outros, como a banda era competente. Mas a maioria cantarolava algum trecho de alguma das músicas, acompanhado por amigos ou mesmo sozinho. Enquanto a água da chuva encharcava nossos rostos.
Eu sempre soube que Noel era Rei na Inglaterra. Mas não imaginava que fosse tanto. Que ainda fosse tanto. Vendo o modo como ele foi tratado ontem pelo público, entendo perfeitamente porque ele é contra a volta do Oasis. Ele não precisa. Ele é maior que o Oasis. Ele é dos maiores músicos britânicos da história.
O SETLIST DO CULTO:
My My, Hey Hey (Out of the Blue)
(Neil Young song)
(It’s Good) To Be Free
(Oasis cover)
D’Yer Wanna Be a Spaceman?
(Oasis cover)
Listen Up
(Oasis cover)
Sad Song
(Oasis cover)
Slide Away
(Oasis cover)
Cast No Shadow
(Oasis cover)
The Importance of Being Idle
(Oasis cover)
Wonderwall
(Oasis cover)
Full band after interval:
Intermission
Everybody’s on the Run
Lock All the Doors
In the Heat of the Moment
Fade Away
(Oasis cover)
Riverman
The Death of You and Me
You Know We Can’t Go Back
Champagne Supernova
(Oasis cover)
Dream On
Talk Tonight
(Oasis cover)
Whatever
(Oasis cover)
The Mexican
If I Had a Gun…
Digsy’s Dinner
(Oasis cover)
Half the World Away
(Oasis cover)
Encore:
The Masterplan
(Oasis cover)
AKA… What a Life!
Don’t Look Back in Anger
(Oasis cover)