Demorei, mas finalmente vi o último longa do canadense Dennis Villeneuve (Incêndios, Os Suspeitos e Homem Duplicado). Já elogiei o cara em outras oportunidades e continuo assinando em baixo. Neste “Sicario”, Villeneuve entrega mais um belíssimo suspense, cheio de tensão e soluções inesperadas.

O filme lembra muito mais “Guerra ao Terror” e “A Hora Mais Escura”, ambos da Kathryn Bigelow, do que “Traffic”, do Steven Sodenbergh. Mesmo nos contando sobre uma batalha que não é contra terroristas, mas contra pessoas que provocam ainda mais estrago em nossa sociedade, o estilo e a câmera lembram muito as obras de Bigelow.

Os planos e tomadas aéreas da região fronteiriça entre EUA e México, por exemplo, nos remetem ao Iraque e ao Afeganistão, como se Villeneuve dissesse que a verdadeira guerra está ali, naquela fronteira separada por apenas uma cerca preta.

O filme não pretende se aprofundar em grandes discussões nem levantar bandeiras, como os longas sobre este tema das drogas normalmente tentam. Villeneuve parece mais interessado no caos e no absurdo que a situação se encontra nos dia de hoje.

É tudo muito intrincado, cheio de interesses, de pobreza, de burocracia, de histórias pessoais, de ganhos e de perdas. É a desordem que o personagem de Josh Brolin (engraçado, mesmo sem ser o ponto cômico da obra) diz a Emily Blunt (que incorpora o alter ego do público, jogada no caos sem entender absolutamente nada).

Mas quem brilha mesmo no elenco é Benicio Del Toro, num personagem confuso, que mistura brutalidade com paciência, simpatia com maldade, sempre sem perder a pose. A presença dele em cena é cativante. Merecia uma indicação ao Oscar. Acabou levando apenas três: Fotografia (do mestre Roger Deakins), Trilha Sonora (do islandês Johann Johannsson, de “A Teoria de Tudo” e “Foxcatcher”) e Mixagem de Som.

Tente ver “Sicario”. É mais um motivo para ficarmos de olho em Dennis Villeneuve.