Esqueça o filme com Ashton Kutcher. Aqui temos Danny Boyle na direção – um dos meus diretores favoritos – e o incrível Michael Fassbender como Steve. Esqueça também as cinebiografias clássicas. O que Boyle e o roteirista Aaron Sorkin pretendem aqui é esmiuçar a figura pessoal do personagem principal, não sua genialidade.

O filme é dividido em três grandes atos, que também são três importantes lançamentos da carreira de Jobs: o Macintosh, o Next e o iMac. Mas estes são apenas o pano de fundo para o verdadeiro fio condutor da obra: a paternidade.

Tudo gira em torno do tema. Seja sobre a paternidade dos produtos Apple, seja sobre a filha não reconhecida de Jobs, seja pelo fato do personagem principal ter sido adotado, seja pelo CEO da Apple vivido por Jeff Daniels ser praticamente um pai para Steve.

Qual a importância do criador? Quem de verdade é o criador? O quanto ele influencia na obra? Quem é o verdadeiro talento da orquestra: o maestro ou os músicos? Como é dito em algum momento do filme, Lisa, a filha de Steve Jobs, tinha tudo, pela criação, para não ser uma boa pessoa. Mas ela incrivelmente é.

Tudo contado com diálogos rápidos e curtos, movimentos de câmera ágeis e uso criativo dos cenários. Além, claro, de um elenco de apoio de se tirar o chapéu. De Kate Winslet a Seth Rogen, todos brilham e são brindados com cenas de impacto. Como foi a vida de Jobs.

O longa foi esnobado pelo Oscar, levando apenas indicações para Fassbender e Winslet, que com certeza absoluta irão perder na noite de premiação. Uma pena. O filme é bem bom. Divertido e emocionante de se ver.

A cena final é retumbante.