“Carol”, estrelado por Cate Blanchet e Rooney Mara, vem sendo tratado como um romance lésbico. Sim, o par principal é formado por duas mulheres, mas a exemplo de “Brockeback Mountain”, de anos atrás, mesmo a homossexualidade tendo um papel importante na trama, trata-se de uma obra sobre a paixão e o amor.
E ninguém melhor para encarnar uma novaiorquina rica e homossexual do que Cate Blanchet, absolutamente perfeita no longa (indicação ao Oscar merecidíssima). Segura de si, ousada, experiente, linda. Rooney Mara (também indicada), exala o oposto da personagem de Blanchet: inocente, simples, muitas vezes infantil, alguém que embarca numa confusão sem saber o que vem pela frente. Ela é o olhar do espectador, que também se apaixona por Blanchet mas não tem certeza se o que está acontecendo realmente está acontecendo.
Resta ao espectador acompanhar esta história sensível e bonita, através da lente do diretor Todd Haynes (de Velvet Goldmine, Longe do Paraíso e Não Estou Lá), um especialista em tirar interpretações sublimes de seus atores, além de imprimir sensibilidade e leveza a suas obras.
A cena final, por exemplo, é tão sensível quanto simples. E exatamente por isso, belíssima. Uma situação que todos nós já vivemos num romance, retratada de forma impecável por uma equipe cinematográfica em perfeita sintonia.
E pensar que o filme é baseado num livro publicado em 1952 – que trata de divórcio e homossexualismo. Nesta hora vemos o quanto parte de nossa sociedade regrediu em pouco mais de meio século, enquanto as leis – ao menos no mundo mais civilizado – evoluíram.
Mesmo indicado aos Oscars de Melhor Atriz, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora, Fotografia e Figurino, a ausência nas categorias de Filme e Diretor fizeram falta, porque eram merecidas.