Dia desses me perguntaram até onde eu iria. Quis saber exatamente que tipo de pergunta era aquela, em qual sentido eu deveria determinar meu limite, verbalizado em simples palavras. Me responderam: em todos. Em todos e qualquer sentido. Insisti, me veio o medo da liberdade total na resposta, eu não queria avançar o sinal, não queria assustar por mais que estivessem me liberando de qualquer amarra ética ou moral, e me falaram que era exatamente isso que queriam saber: até onde eu iria? Todo mundo tem um preço, sabemos disso quando estamos sozinhos com nossos pensamentos, sonhos e traumas, assim como todos nós temos ambição e persistência. Até onde vamos? O que – ou qual fato ou momento – nos faz ceder e parar? Nos faz desistir. O que é capaz de estancar nossas ações e nos fazer fugir? Respondi a primeira coisa que me veio à cabeça, o que eu responderia a qualquer um que me fizesse aquela pergunta, o que passei a responder desde então. Respondi o que, hoje sei, pouca gente tem coragem de assumir, ou pouca gente tem coragem de confirmar em vida, de transformar em prática cotidiana ou idealizada, de concretizar no dia a dia ou na busca daquele objetivo de anos e anos de luta. Respondi o que sempre me moveu e o que, a partir de então, estaria em minha mente na estrada e nos caminhos tortuosos, nos caminhos tortos que escolhemos quando queremos sair do lugar, quando queremos ir além, quando queremos mudar. Respondi entre um sorriso envergonhado e um calor corajoso que me tomou a alma com força e fogo. Ora, eu iria até o fim.