Aos meus amigos que se foram, ofereço a minha vida. O tempo que vocês não têm, que eu ainda tenho. Os anos e décadas que me restam serão seus também, pois farei em vida o que vocês agora não podem fazer na morte. Os textos que eu sugeri que um escrevesse ou que o outro me garantiu que escreveria. As lições que aprendi com aquele e que repassei ao segundo. As risadas, o otimismo e o carinho de vocês. A vontade e a chama, uma fogueira de vida. Aos meus amigos que se foram, ofereço minha amizade eterna. Cega – jamais. Mas cuidadora, capaz de escutar, aprender e ensinar também. Trocas. Um elefante amarelo. Luz e sombra. Ofereço a certeza de que estarei aqui lutando ainda mais para seguir em frente e levar até o fim as muitas bandeiras que vocês me entregaram ao longo dos anos. Nós três sabemos que, como pra vocês isso aqui já passou, pra mim também vai passar um dia, daqui muito e muito tempo, e a gente vai poder se reencontrar – eu mais experiente e mais preparado para ter com vocês tudo aquilo que estava escrito na nossa história. Tenham paciência. Eu terei. Enquanto não estivermos de novo no mesmo plano, estaremos conectados através do tempo e do espaço, essas duas invenções que a gente já sabe que não existe. Afinal, o quê de fato existe?