Estava revendo a bomba cinematográfica Missão Impossível 2, de 2000, e fiquei bem impressionado como quase tudo ali é visualmente de mau gosto. Horrível, mesmo.

Cabelos, roupas, óculos, carros. Como aquela estética envelheceu mal em duas décadas!

Daí me vi refletindo que outras décadas envelheceram muito bem esteticamente, como 20, 30, 40, 50, 60 e 70…

Nos 80 tudo começou a desandar porque foi ali que a humanidade desandou seduzida de vez pelo capitalismo.

Ali, o lucro absoluto tirou das empresas os artistas e criativos, porque as corporações aprofundaram de forma selvagem a busca pelo lucro máximo. E entraram os burocratas e obcecados por dinheiro, os ignorantes que passaram a entregar suas vidas inteiras em troca de status e do salário polpudo – ou da busca insana por ambos.

Basta comparar quem eram, que formação tinham e como se relacionavam com a arte os ricos de antes com os que vieram depois. Olhe para as grandes empresas, relembre quem mandava antes e quem manda hoje.

Nos anos 80, tivemos a explosão do termo Ecologia, por exemplo, porque meio que foi ali que vimos que estávamos (estamos) destruindo a parte do planeta que nos mantêm vivos.

Tudo foi se intensificando com o passar do tempo, talvez os 90 tenham sido os últimos anos em que o sistema ainda permitiu algum tipo de arte no mainstream.

Já nos anos 2000 e, principalmente, nos 10, os artistas foram marginalizados, expulsos ou demitidos das empresas e derrubados do poder. A intelectualidade, a sensibilidade e a Beleza foram castigadas e tornadas “independentes”, substituídas por uma monocultura estética e cultural de baixo nível. Que alimenta um pensamento superficial, passivo e vazio.

O que isso tem a ver com Missão Impossível 2?

O filme é o retrato estético desse pensamento que visa só o lucro e não a arte ou o Belo. É simbólico.

Depois de 20 anos, o filme não serve para nada mais além de lamentarmos o que fizemos com nossa sociedade.

Trumps, Bolsonaros, BBBs, Anittas e Reginas Duartes não são acidentes. São produtos perfeitos da sociedade que construímos – ou que deixamos que a ignorância destruísse.