Dez dias. Apenas dez dias. Foi o tempo que David Bowie quis viver neste 2016. Um sinal. Alguém tão criativo, ousado e libertário sabia que não poderia encarar os dias e meses que estavam por vir. E nós passamos a viver sem esta luz aqui no mundo.
Agora, perto do fim do ano, percebemos do que ele fugiu.
E ontem foi um dia simbólico. Um acidente horrível, matando jovens esportistas e profissionais que fazem o espetáculo mais adorado pelo brasileiro. Uniu o Brasil no luto. Quem não chorou com as imagens do público na Arena Condá?
Mas este mesmo país, movido por estas mesmas pessoas sensibilizadas, mostrou também todo o seu horror.
Os posts do Catraca Livre. O aumento do preço da camisa da Chapecoense no NetShoes. A aprovação da PEC no Senado. O chanceler querendo se promover na tragédia. Estudantes sendo violentados como se ainda estivéssemos no século XX. Um governo ilegítimo.
2016 seria um ano para esquecer. O problema é que muito do que aconteceu reverberará por muito tempo ainda. Por mais que comemoremos no fim de dezembro, por mais que vistamos branco, rezemos ou mentalizemos, 2016 não vai acabar.
Perdemos uma boa energia criativa. David Bowie, Prince, Muhammad Ali, Carlos Alberto Torres, Cauby Peixoto, Fidel Castro, Michael Cimino, Umberto Eco, Elke Maravilha, Hector Babenco, Curtis Hanson, Ivo Pitanguy, Arthur Hiller, Harper Lee, Leonard Cohen, Naná Vasconcelos, Andrzej Wajda, Alan Rickman, Ettore Scola e outros que me fogem da memória.
Cada um na sua área e com seu tamanho, muitos deles ícones, representou de alguma forma a contestação. A inovação. A criatividade. Um outro olhar. Um outro caminho.
Me resta o otimismo de pensar que toda essa energia precisou se dissipar para se reinventar. Voltar de outras formas, em outras pessoas.
Precisaremos muito dela nesta novo mundo.
Que este 2016 tenha sido apenas uma pancada, uma tempestade. Que as nuvens se afastem e que venham os novos dias. Tão cheios de sol.
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